Dados recentes divulgados sobre o quadro funcional do IBGE causam preocupação. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Roberto Olinto, o déficit de servidores já foi responsável pelo fechamento de oito agências no país. Além disso, 60 agências, das 570 existentes, operam com apenas um funcionário.
Outro número alarmante foi mencionado pelo presidente. Segundo Olinto, existem atualmente 1.750 funcionários em condições de se aposentarem, ou seja, podem deixar o órgão em breve. Isto causará um aumento significativo no déficit do instituto, que batalha pela autorização do concurso IBGE. Apenas este ano o órgão já registrou 220 aposentadorias.

Conforme o presidente, se uma reforma da Previdência muito ameaçadora for realizada, o IBGE ficará com 3.250 servidores. A falta de pessoal que já vem afetando as agências também impacta nas pesquisas do Instituto. Na entrevista ao jornal O Globo, onde informou estes dados, ele revelou também que foram adiadas a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar.
"Num país que convive com mais de 60 mil homicídios por ano, não há certeza se a pesquisa de vitimização será feita no ano que vem. O levantamento sobre o uso do tempo, parâmetro para políticas públicas de educação, saúde e de gênero, corre o risco de ficar na prateleira", afirmou.
Para Assibge, 1.800 vagas não suprem necessidade
Para a diretora da Assibge, Dione Oliveira, as 1.800 vagas pedidas pelo instituto, que deverão ser preenchidas pelo concurso IBGE, já são um número abaixo do necessário e não suprem o déficit. "O pior é que não temos nem a expectativa de que sejam autorizadas as 1.800, dado o nível de negociação e as respostas que temos ouvido", declarou em entrevista à FOLHA DIRIGIDA,
Na conversa, a sindicalista também comentou sobre os altos índices de aposentadorias.
"O número de aposentadorias se acumula e sem reposição. Demonstra uma situação gravíssima. Hoje temos menos de 5 mil trabalhadores efetivos em todo o país. A gente demanda concurso em todas os espaços que temos, nas reuniões com o Ministério do Planejamento, reforçando a importância que é ter um quadro efetivo robusto no IBGE", disse.
Ela complementou informando sobre o acúmulo de tarefas que os funcionários do IBGE vem enfrentando e sobre até quando poderão lidar com esta situação. "Temos limites para conseguir manter nosso programa de trabalho nesse nível. Se continuar desse jeito e com o ritmo de saídas, a instituição vai ter que optar sobre o que fazer. O IBGE vai ter que parar e reorganizar os seus projetos. Efetivamente realizar uma escolha sobre o que fazer e o que não fazer! Isso é muito grave pois o Instituto produz um número grande de informações importantes para o Brasil, que influenciam um número variados de políticas" explica.
IBGE tem dois pedidos de concurso em análise
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tem duas solicitações em análise pelo Ministério do Planejamento. A primeira delas é do concurso IBGE para efetivos, com 1.800 vagas. Destas, a maioria é para o cargo de técnico, que pede nível médio e oferece ganhos de R$3.890,87. As demais 600 são para analista, de nível superior e remuneração de R$8.213,07.
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A outra seleção é para temporários, que trabalharão no Censo 2020. Neste caso deverão ser contratados aproximadamente 250 mil profissionais. O primeiro pedido conta com 397 vagas de analistas. Serão abertas também oportunidades para recenseador, agente regional e administrativo, agente municipal e de Informática e agente supervisor.
O IBGE teve seu último concurso para efetivos realizado em 2015. A banca organizadora da seleção foi a Fundação Getulio Vargas (FGV) e as vagas também eram para os cargos de técnico e analista. Os candidatos ao cargo de técnico foram submetidos a uma prova objetiva composta por 60 questões distribuídas pelas seguintes disciplinas: Conhecimentos Específicos do IBGE (10), Geografia (15), Matemática (15) e Língua Portuguesa (20).
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Já para analista, foram 70 questões divididas entre Conhecimentos Básicos (Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Raciocínio Lógico Quantitativo) e Conhecimentos Específicos. O número de questões variava por disciplina.