Ipea revela que remuneração do Judiciário é o dobro do Executivo
Ipea criou uma plataforma chamada Atlas que faz levantamento de dados no setor público, como a média das remunerações anualmente.
Autor:
Publicado em:02/01/2019 às 08:56
Atualizado em:02/01/2019 às 08:56
A remuneração e os diversos benefícios são alguns dos atrativos para quem vai fazer concurso público. Esses fatores são cruciais na hora de escolher a melhor área e carreira. A variação desses valores pode ser grande conforme os três poderes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, por exemplo, aponta que o salário do Judiciário é, em média, o dobro do Executivo.
O Ipea divulgou recentemente o estudo Uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas (1995-2016), que traz informações e comparativos no setor público.
Os dados da pesquisa foram retirados da nova plataforma criada pelo instituto: o Atlas do Estado Brasileiro. O lançamento aconteceu no dia 18 de dezembro e o portal traz levantamentos estatísticos por nível federativo e pelos três poderes.
“O propósito do Atlas é alinhavar o debate com dados consistentes e de fácil compreensão, para que subsidiem um debate de qualidade pela sociedade”, revela o coordenador do projeto e pesquisador do Ipea, Felix Garcia Lopez.
Ipea traz o comparativo das remunerações em duas décadas
(Foto: Pixabay)
Judiciário é destaque no comparativo de remunerações
O estudo realizado pelo Ipea traz um comparativo das remunerações mensais no setor público. O detalhamento é uma média por nível federativo e pelos três poderes. O destaque fica por conta do Judiciário, que ultrapassa os R$15 mil. No entanto, registrou uma queda em um dos níveis no período do levantamento.
O Ipea pegou as médias de 2007 a 2016. Nesse período, o Judiciário federal registrou uma queda de R$16,6 mil para R$15,8 mil, enquanto o estadual subiu de R$9,3 mil para R$12 mil. Mesmo com essa pequena queda, ainda é superior aos demais poderes e níveis.
A mesma queda também foi registrada no Legislativo federal que, de 2007 a 2016, caiu de R$14,8 mil para R$12,9 mil. Mas, nos demais níveis, foram registrados aumentos de R$8 mil para R$8,4 mil no estadual e de R$3,6 mil para R$4,6 mil no municipal.
Já no Executivo federal, houve um aumento de R$6,5 mil para R$8,1 mil nesse mesmo período. O mesmo aconteceu no executivo estadual - de R$3,5 mil para R$5 mil - e no municipal, que passou de R$2 mil para R$3 mil.
Nos gráficos demonstrados no estudo do Ipea é possível perceber a nítida diferença entre as remunerações dos poderes no mesmo nível federativo. Por exemplo, os ganhos do Judiciário federal são o equivalente ao dobro do Executivo federal, enquanto o Legislativo atinge quase 90% dessa mesma remuneração.
Média ao longo de dez anos:
-> Judiciário federal: R$16 mil
-> Legislativo federal: R$14,3 mil
-> Executivo federal: R$8 mil
É importante frisar que não estão incorporados acréscimos salariais como bonificações, auxílios e outros adicionais ao salário para compor a remuneração.
Escolaridade também influencia na remuneração
Como já esperado - e também confirmado pelo Ipea -, o nível de escolaridade é outro fator que influencia na variação de salários no setor público. O instituto dividiu em cinco níveis de escolaridade para classificação.
Dadas as análises, os servidores com ensino superior recebem cerca de R$11 mil, enquanto quem tem médio ou superior incompleto tem ganhos de R$6 mil, sendo esses valores no Executivo federal.
Para os servidores de nível fundamental, os ganhos ficam na casa dos R$2 a R$4 mil, sendo esses mesmos valores se repetindo para quem tem nível médio incompleto. Nesse último, no entanto, a variação pode ser maior e chegar na casa dos R$6 mil a R$8 mil de acordo com a esfera.
O Ipea faz ainda uma classificação de nível 5 de escolaridade, onde classifica as carreiras cujas remunerações podem ser elevadas de acordo com titulações: pós-graduação, mestrado e doutorado, completos ou incompletos. Os ganhos ficam em uma média acima de R$16 mil.
Ipea constata que homens ainda recebem mais que mulheres
Embora as mulheres já tenham ganhado um bom espaço no mercado de trabalho, o fator remuneração ainda é favorável aos homens, que recebem, em média, salários maiores em todos os níveis e poderes. Esse dado é confirmado pelo estudo do Ipea.
Mesmo assim, o instituto revela que as mulheres seguem como maioria na administração pública nacional, de maneira bem expressiva. Elas ampliaram, segundo o Ipea, o seu espaço de maneira proporcional, com predominância no âmbito municipal - passando de 60% a 66% da média total de servidores.
Considerando os três níveis e nos três poderes, as mulheres ainda assim recebem menos que os homens. Essa comparação ainda exclui os militares, que em sua maioria são homens.
O Ipea explica ainda que essa desigualdade acontece pelo fato de que a maioria das carreiras com menor remuneração são ocupadas somente por mulheres.
"As diferenças de remuneração entre gêneros também aparecem. As mulheres ganham menos, embora essa diferença varie no tempo e entre níveis e poderes. No Executivo civil federal, por exemplo, homens ganham 14% a mais que as mulheres (média de 2007 a 2016)", revela o Ipea.
O levantamento do Ipea afirma ainda que os servidores civis do Poder Executivo Federal contam como uma média de remuneração mensal superior aos militares. Dados de 2016 mostram que os ganhos dos civis chegavam a R$10,2 mil, enquanto os militares recebiam em média R$4,6 mil mensalmente.
Se separar os civis e militares, é possível notar, de acordo com o Ipea, que a remuneração mensal do Executivo Federal, em média, tem aumento de R$8,1 mil para R$10,2 mil. A mediana sofre variação constante, com uma concentração abaixo dos R$2 mil para os militares e uma média para os civis em torno dos R$8 mil.
Concursos 2019: o que vem por aí
Se você ficou empolgado com a média salarial dos servidores públicos e tem como meta em 2019 passar em um concurso, confira o que vem por aí: [VIDEO id="8447"]