Concurso INSS: governo quer criar paliativos até sair o edital

Autorização do concurso público INSS para 7.888 vagas será dada pelo Ministério do Planejamento

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Publicado em:21/08/2018 às 08:48
Atualizado em:21/08/2018 às 08:48

Enquanto o pedido de concurso INSS tramita por vários setores do Ministério do Planejamento, o crescente déficit de servidores deverá agravar, nos próximos meses, o atendimento aos segurados nas agências da autarquia em todo o país. A tendência é de uma piora no atendimento a partir de 2019, quando cerca 55% dos servidores do INSS poderão dar entrada nos pedidos de aposentadoria.

Para tentar manter parte desses servidores na ativa até a posse de novos concursados, o INSS quer criar condições que sejam favoráveis a eles. Algumas dessas medidas são a criação de um bônus por desempenho de resultado na análise de processos e a implantação do teletrabalho (home office).

Parte dessas medidas, porém, recebeu críticas de dirigentes do próprio INSS. Um deles é o superintendente do instituto em São Paulo, José Carlos de Oliveira, em reunião no Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP). Ele acredita que o atendimento nas agências físicas do INSS deverá ser prejudicado ainda mais, caso parte dos servidores seja autorizada a trabalhar de casa.

Concurso INSS depende de autorização do Planejamento (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Concurso INSS depende de autorização do Planejamento
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

'Quem vai fazer o atendimento nas agências?', questiona superintendente

Muitas agências, principalmente em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, já estão com poucos servidores por conta das aposentadorias e, por isso, seria quase inviável permitir que mais técnicos e analistas façam home office.

"O teletrabalho vai fazer o atendimento dos processos represados, mas quem vai fazer o atendimento nas agências? Com o teletrabalho haverá a retirada de 40% (dos servidores) de uma determinada agência. Isso não vai gerar mais um problema?", questionou José Carlos de Oliveira. Segundo o superintendente, isso não significa que esse serviço deva ser descartado, mas é preciso ter o  momento certo para fazê-lo.

Ainda de acordo com o superintendente, antes de se pensar em home office é preciso criar o bônus por desempenho, fazer os acordos de cooperação e potencializar o INSS digital, que ajudaria na retirada dos segurados das agências.

"Tudo vai ajudar, somar, resolver e terá um número real e necessário de pessoas para poder contratar. A partir daí, sim, chegará o momento de implementar o teletrabalho. Colocar o teletrabalho como o salvador da pátria só vai agravar ainda mais o problema”, disse Oliveira, mostrando a necessidade de o INSS contratar servidores e, portanto, abrir novo concurso público.

Pedido de concurso INSS é para 7.888 vagas

Caso a solicitação de concurso INSS seja atendida na íntegra, serão oferecidas 7.888 vagas para cargos de níveis médio e superior. Dessas, 3.984 são para técnico, de nível médio e com ganhos de R$5.186,79, e 1.692 para analistas, de nível superior e com R$7.659,87 mensais. Para perito, são solicitadas 2.212 vagas. O cargo é destinado a formados em Medicina e tem remuneração de R$12.683,79.

Técnico do INSS - > Nível médio e R$5186,79 - 3.984 vagas pedidas

Analista do INSS - > Nível superior e R$7.659,87 - 1.692 vagas pedidas

Perito do INSS - > Nível superior e R$12.683,79 - 2.212 vagas pedidas

Recentemente, a reportagem da FOLHA DIRIGIDA procurou o órgão para saber as expectativas sobre a autorização. O INSS se mostra otimista, tendo em vista que todos os pedidos de concursos anteriores da autarquia foram contemplados.

O instituto destaca, porém, que o pedido está sob análise do Ministério do Planejamento, sem que a pasta precise uma data para resposta ou até mesmo para uma autorização. O INSS contrata pelo regime estatutário, que assegura a estabilidade. [PLAYLIST id="202"]