Sem concurso IBGE, país pode ter apagão estatístico, dizem servidores
O concurso IBGE para efetivos e verbas para o Censo 2020 foram cobrados por sindicato e deputados, em homenagem aos 83 anos do instituto.
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Publicado em:11/06/2019 às 09:41
Atualizado em:11/06/2019 às 09:41
O concurso IBGE para efetivos e o investimento no Censo 2020 foram cobrados por sindicato e deputados durante uma sessão solene em homenagem aos 83 anos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A informação foi divulgada pelo sindicato em nota, no dia 5 de junho.
Durante o encontro, estiveram presentes a Executiva Nacional da Associação Nacional de Servidores do IBGE (Assibge), representada por Antonio Da Matta, o ex-presidente do instituto, Eduardo Pereira Nunes e o atual diretor de informática do IBGE, David Wu Tae (representante da presidência).
Em nome da Assibge, Antonio Da Matta enfatizou que a intervenção do governo no IBGE pode produzir um apagão estatístico no país. Além disso, ele reforçou a importância de recompor o quadro de servidores e o orçamento para o instituto.
Com críticas aos cortes de verbas e do questionário do Censo, o ex-presidente do IBGE, Eduardo Nunes, lembrou que os registros administrativos existentes no país ainda são insuficientes para cobrir as informações necessárias de um Censo.
"Os funcionários do IBGE trabalharão e lutarão para que o Censo de 2020 possa representar o que a sociedade brasileira espera”, disse Eduardo Nunes, durante o encontro.
Em nome do IBGE, o representante Davi Wu Tae pediu desculpas pela ausência da presidente do instituto, Susana Guerra, e apresentou argumentos em defesa das medidas adotadas até aqui pela direção, considerando a realidade orçamentária e o quadro atual de servidores e futuros contratados para a condução do Censo 2020.
Todos os deputados presentes ressaltaram a importância do IBGE para o planejamento de políticas públicas do país, criticaram o corte de verbas e o questionário do Censo 2020. Segundo o sindicato, os parlamentares se comprometeram a buscar recursos para o instituto na Comissão de Orçamento da Câmara.
Durante a sessão, estiveram presentes os seguintes deputados: Chico D´Ângelo (PDT-RJ), Nelson Pelegrino (PT-BA), Henrique Fontana (PT-RS), Alessandro Molon (PSB-RJ), Marcelo Calero (Cidadania-RJ), Elvino Bom Gass (PT-RS), André Figueiredo (PDT-CE) e Luís Lima (PSL-RJ).
Sindicato pede a deputados concurso e verba para o IBGE
(Foto: Leandro Santos, Maranhão)
Presidente do IBGE fala sobre concurso para efetivos
A posição, no entanto, foi criticada pela associação, que reafirmou seu compromisso com a reposição de pessoal urgente. Porém, a abertura de uma seleção em 2020 não está descartada, já que, de acordo com nota divulgada pelo grupo, não foi colocada em pauta.
A Assibge reforçou que vai continuar insistindo na reivindicação do concurso, além da reestruturação da carreira e do Censo 2020 sem cortes.
"A situação do IBGE é de muitas incertezas. Isso demonstra que é fundamental o envolvimento dos trabalhadores do IBGE em suas diversas áreas, para lutarmos pelas nossas reivindicações", disse a Assibge.
IBGE pediu concurso em 2017, mas não renovou solicitação
O último pedido de concurso para o IBGE foi encaminhado ao governo em 2017. Na ocasião, foram solicitadas 1.800 vagas, sendo 1.200 para técnicos e 600 para analistas. A solicitação, no entanto, foi arquivada no fim de 2018, junto com outras 26 de outros órgãos.
No caso dos técnicos do IBGE, a exigência é o nível médio completo. A carreira tem uma remuneração inicial de R$3.890,87, podendo chegar a R$5.340,27 com os benefícios e gratificações. Já o cargo de analista exige nível superior e tem ganhos iniciais de até R$8.213,07.
O IBGE havia confirmado que encaminharia uma nova solicitação de concurso este ano, mas o pedido não foi realizado até o dia 31 de maio, prazo limite para o envio das solicitações ao Ministério da Economia.
“Essa crise ameaça todo o plano de trabalho do Instituto, incluindo a realização do Censo Demográfico 2020, que já se encontra em planejamento”, disse o IBGE.
Enquanto o concurso para efetivos não sai, o IBGE tem autorização para selecionar temporários para o Censo Experimental e o Censo Demográfico 2020. Três processos seletivos já estão autorizados e reúnem mais de 234 mil vagas.
Desde o dia 21 de maio, o IBGE recebe inscrições para o seu concurso que visa ao Censo Experimental, com 209 vagas temporárias. As oportunidades estão distribuídas por cargos de níveis fundamental e médio, para atuação na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais.
Das 209 vagas oferecidas, 180 são para o cargo de recenseador, de nível fundamental, quatro para agente censitário municipal e 25 para agente censitário supervisor, sendo ambos de nível médio. Confira abaixo o tempo de contrato e a remuneração oferecida para cada função:
Para concorrer, é preciso pagar uma taxa de R$25 (recenseador) ou R$42,50 (agentes). Os valores deverão ser pagos em agências do Banco do Brasil, até o dia 10 de junho.
Candidatos membros de família de baixa renda, inscritos no Cadastro Único dos Programas Sociais (Cadúnico) do Governo Federal e doadores de medula óssea poderão realizar a solicitação da isenção, durante todo o prazo de inscrições.
O IBGE prepara, também, um concurso maior, com mais de 234 mil vagas temporárias. Neste caso, segundo o coordenador de Recursos Humanos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Bruno Malheiros, o projeto básico já está pronto.
As mais de 234 mil vagas temporárias do concurso IBGE devem ser distribuídas por dois editais, com vagas em todos os municípios do país e voltadas para o Censo Demográfico 2020. As contratações ocorrerão a partir de janeiro de 2020.
O prazo oficial para a publicação do edital do concurso, previsto na portaria autorizativa, é até 6 de setembro. Mas, de acordo com o coordenador do IBGE, o primeiro edital, de dois previstos, deverá sair um mês antes, em agosto.
Segundo Bruno Malheiros, a distribuição de vagas ainda está sendo fechada. No entanto, ele confirma que as áreas com maior população receberão o maior número de vagas.
De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial da União, no dia 6 de maio, o IBGE está autorizado a realizar novo concurso com 234.416 vagas temporárias, sendo a maioria (196 mil) justamente para recenseadores. Confira a distribuição das oportunidades por cargos:
Coordenador Censitário de Subárea 1
600 vagas
Nível médio
R$4.000
Coordenador Censitário de Subárea 2
850
Nível médio
R$4.000
Agente Censitário Operacional
1.760
Nível médio
R$1.800
Supervisor (call center)
4
Não informado
Não informado
Agente Censitário Municipal
6.100
Nível médio
R$2.400
Agente Censitário Supervisor
23.578
Nível médio
R$2.000
Codificador Censitário
120
Não informado
Não informado
Recenseador
196 mil
Nível fundamental
R$1.100*
Supervisor PA
1.304
Não informada
Não informado
Recenseador PA
4.100
Não informada
Não informado
*O recenseador recebe por produção. Este valor é uma estimativa
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