Em continuidade à série de entrevistas com os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, FOLHA DIRIGIDA ouviu as propostas da candidata Dayse Oliveira, 52 anos, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).
Professora de História da rede estadual há 32 anos e mestre em Educação, Dayse Oliveira defende união popular e reposição salarial dos servidores.
A questão Social também foi um dos destaques da entrevista. A candidata destacou ainda que a reposição de pessoal e a Cultura serão prioridades em seu governo, caso seja eleita.
"Não têm escolas de artes na periferia. Na nossa opinião uma das coisas que precisa valorizar e repor é a questão da Cultura e da Arte. Em São Gonçalo, por exemplo, não tem um teatro público. Por que só o Rio que pode ter? Por que não ter, pelo menos, uma escola de arte em cada cidade? Notamos que precisa dessa valorização, até para diminuir a violência no estado", diz.
Questionada sobre os planos para retomar o crescimento do Estado, a candidata garante que pretende cortar o pagamento da dívida pública. Segundo ela, o crescimento exige investimento e, para isso, é necessário o corte do pagamento para a União, além de anular todas as isenções fiscais feitas até agora
"A nossa proposta, nosso eixo em nível nacional do PSTU, é que o Rio de Janeiro, o país, precisam de uma revolução. Essas medidas para nós já são o começo de uma revolução, pois vamos desagradar banqueiros e grandes empresas, para poder garantir serviços públicos de qualidade para os trabalhadores, que é quem precisa do Estado".
Candidata quer combater a terceirização e abrir concursos
A candidata Deyse Oliveira reforçou a necessidade de abrir concursos públicos e de acabar com a terceirização. "Como que pensamos em acabar com a terceirização? Efetivando os companheiros. Gente com dez anos de trabalho terceirizado, isso é um absurdo, é precarização de trabalho! Temos que efetivar todo mundo porque o servidor efetivo briga por concurso!", garante.
Ela também menciona o combate à terceirização na área da Saúde. "Acreditamos que é preciso construir mais hospitais e diminuir o número de terceirizados. Precisamos de funcionários efetivados. Além de pagar o plano de carreira dos servidores", reforça.
Em relação à empregabilidade, Dayse Oliveira informou que, se eleita, fará obras públicas, que irão gerar emprego e aquecerão a economia, aumentando o poder de compra da população. Além disso, principalmente nas empresas públicas, promoverá a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário.
Os planos para valorização dos servidores

Para valorizar os servidores, a candidata diz que em primeiro lugar irá repor as perdas salariais.
"Por exemplo, eu sou professora da rede pública estadual e meu último reajuste foi de 10% em 2014. Isso porque fizemos uma greve altamente radicalizada, tivemos que adesivar o ônibus da seleção brasileira, o que foi um escândalo em nível internacional, em plena Copa do Mundo. Foi o último reajuste que os professores da rede estadual receberam, mas a inflação não parou", conta.
Ela afirma ainda que são medidas fundamentais: repor as perdas salariais, pagar os atrasados e pagar os planos de carreira.
Sobre o desconto da alíquota de 14% para o RioPrevidência nos vencimentos dos servidores públicos estatutários, ativos e inativos, Dayse Oliveira foi direta afirmando que não pretende manter.
"Isso é a reforma da previdência e somos contra", diz. Para ela, o governo viu que a reforma da previdência geral estava difícil, então começou a fazer no picadinho.
"Tem que anular a reforma da previdência que foi feita aqui no estado e impedir a nacional. Por isso também a questão dos conselhos populares, que não é só meramente para a questão administrativa, mas também para lutas políticas em favor dos trabalhadores. O governo do estado comprometido com os trabalhadores têm que estar junto em momento de luta também e fomentar a organização da classe", afirma.
Ela também reforça que não manterá o acordo com a União sobre Regime de Recuperação Fiscal (RRF), assinado pelo governo do estado, no ano passado.
"Não manteremos esse acordo. Porque, por exemplo, tira com uma pá de cal e dá com uma colherzinha. Não vamos concordar com isso. Uma das coisas que se tem que fazer é cortar esse pagamento com a União. Agora mesmo, já foi anunciado que vai ter que suspender pagamento de salário, por conta desse acordo. Então nós não vamos aplicar essa política", afirma.
As propostas para diferentes setores
♦ Educação
Para o setor de educação, a candidata - que já foi diretora do Sepe RJ, Caxias, Niteroi e São Gonçalo - acredita em três questões: democracia, autonomia pedagógica nas escolas e criatividade. Além disso, reforça que é preciso ter verba para a manutenção das escolas, para material, para equipamentos e para as condições de ensino no geral. "Verba também para fazer excursões, para que os alunos saiam da escola, pois dá um resultado impressionante", conta.
Ela apoia a proposta do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) do Rio de Janeiro para cinco salários mínimos para professores e três e meio para demais profissionais da área. Sobre o concurso Educação, a candidata diz ser fundamental, sendo a favor de concursos para Faetec e Uerj. Também quer recuperar as escolas e impedir o fechamento.
♦ Saúde
"Em primeiro lugar tem que desprivatizar a saúde". Foi desta forma que Dayse Oliveira iniciou sua resposta sobre a área da Sáude. Segundo a candidata, o setor hoje está privatizado, e essa privatização precisa parar. "Vamos acabar com as Organizações Sociais (OSs), pois já vimos várias denúncias sobre elas, que estão destruindo a Saúde no Estado do Rio de Janeiro", diz.
♦ Segurança
Para a candidata, a questão da Segurança tem dualidade: a direita propõe mais polícia, o que, de acordo com ela, não resolve o problema da violência. "Nós, enquanto socialistas, dizemos que se você tiver emprego, educação, saúde e assistência social, principalmente para dar apoio às famílias desestruturadas, será resolvido o problema da violência".
Ela complementa ainda: "com a proposta Neoliberal é zero para a área social e a proposta é o quê? É extermínio de pobre, criminalização da pobreza, extermínio de pretos e pobres. Onde o principal alvo deste extermínio tem sido a juventude negra. Para nós tem que resolver toda essa situação de emprego, de educação e de saúde".
Para Dayse, é preciso ainda desmilitarizar a Polícia Militar. "Deve ser uma polícia civil, única, com os policias tendo direito a organização, a se sindicalizarem. A hierarquia também serve para a manutenção de uma série de desvios, de problemas. Tem que ter uma polícia que proteja a população, parar com a concepção da polícia para proteger o estado, a propriedade privada", diz. Ainda sobre a PM-RJ, ela afirma que pretende sim abrir concurso, para reposição de vagas.
Já sobre a Polícia Civil, ela diz ser favorável aos concursos, mas acredita que o fundamental mesmo é abrir seleções em outras áreas.
"Mais importante são os concursos na área Social. Por exemplo, tem que ter concurso para orientador educacional nas escolas, para assistente social e psicólogos nos postos de saúde. A área social para nós é fundamental".