Para entender como funciona a carreira, Folha Dirigida conversou com Paulo Henrique Falcone Mello, aprovado no concurso TJ SP para escrevente de 2017, em 13º lugar na lista geral para capital. Atualmente, ele é chefe de seção judiciária do 15º Ofício Cível do Foro Regional II – Santo Amaro.
De acordo com ele, a rotina como escrevente do TJ consiste em cumprir as decisões proferidas nos processos pelos magistrados. "Alguns exemplos seriam a expedição de cartas, mandados, ofícios etc. E há a parte de movimentação processual, quando não há algo a ser expedido", citou.
O maior desafio da profissão, segundo Paulo Henrique, é a busca pela inovação e eficiência exigida na prestação dos serviços públicos. "Apesar de ser um desafio, o Tribunal de Justiça nos incentiva com diversos cursos e palestras disponibilizados para os servidores", disse.
Ele destacou que uma situação marcante na carreira foi a recente nomeação como chefe de seção. "Sinto-me muito prestigiado e grato pelo reconhecimento e voto de confiança dados pela juíza responsável pela vara e pelo gestor da unidade".
TJ de São Paulo realiza concurso para escreventes na capital (Foto: Divulgação)
Após a aprovação no concurso, os escreventes podem atuar em diferentes segmentos, como por exemplo, no auxílio a juiz ou auxílio a um cartório de forma administrativa ou processual.
Clever Vasconcelos, promotor de justiça em São Paulo, mas que atuou seis anos como escrevente do TJ SP, explicou que o tribunal informa quais áreas estão com disponibilidade e o servidor pode optar onde quer trabalhar.
"O TJ indica os locais e as áreas com disponibilidade e o servidor pode optar. Conforme a conveniência do serviço público, abrem as vagas e o servidor faz a opção pelo lugar", disse Clever, que também é professor de Direito do Qconcursos, Damásio e IBMEC.
Escrevente pode trabalhar em home office e com jornada reduzida
De acordo com Clever Vasconcelos, o TJ de São Paulo permite o trabalho em home office para os escreventes. "Mas, depende da unidade que você trabalha e do serviço que faz. Há muitas particularidades que precisam ser analisadas conforme o local de trabalho".
O tribunal também possibilita que os servidores tenham a jornada de trabalho reduzida em uma hora caso sejam estudantes.
"São oito horas diárias de trabalho, 40 horas semanais. Se você é estudante, tem o desconto de uma hora por dia", pontou Vasconcelos, que cursou a graduação em Direito enquanto atuava como escrevente.
Os salários iniciais da carreira são de R$5.480,54. Os servidores têm direito a benefícios como:
Auxílio-alimentação;
Auxílio-transporte;
Auxílio-saúde;
Auxílio creche-escola.
Há benefícios ainda em razão da escolaridade e especializações realizadas pelos servidores, o adicional de qualificação.
"É um cargo que atrai muito e você pode subir na carreira, pode ser escrevente chefe, diretor de cartório. Existem promoções internas que fazem com que você ganhe mais", explicou Clever Vasconcelos.
Técnicas de estudo para aprovação no concurso TJ SP
As inscrições do concurso para escreventes do TJ SP ficam abertas até 28 de março, pelo site da Fundação Vunesp, banca organizadora do concurso. A taxa de participação é de R$81.
A seleção terá provas objetivas e práticas (de digitação). A aplicação da parte objetiva ocorrerá no dia 28 de maio. Os candidatos deverão responder a 100 questões, distribuídas da seguinte forma:
Língua Portuguesa (24 questões);
Conhecimentos em Direito (40);
Conhecimentos Gerais/Atualidades (seis);
Conhecimentos Gerais/Matemática (seis);
Conhecimentos Gerais/Informática (14); e
Conhecimentos Gerais/Raciocínio Lógico (dez).
Tanto Paulo Henrique como Clever, que já foram aprovados no concurso, recomendaram a realização de questões anteriores.
"A estratégia que segui foi resolver muitas questões da banca para entender como as matérias do edital são cobradas nas provas. Controlar o percentual de acertos e resolver, mais de uma vez, as questões que encontrei dificuldade foi fundamental para a aprovação", revelou Paulo Henrique Falcone Mello.
Por sua vez, Clever Vasconcelos orientou que os candidatos refaçam as questões como se estivessem no momento do concurso.
"É importante fazer a prova em casa no mesmo tempo que é disponibilizado no concurso, como se fosse um treinamento. E fazer isso mais de uma vez. Porque tem a questão física e psicológica. A prova objetiva tem muito texto da lei. Aliás, a maioria da prova consiste na interpretação literal do texto".
Paulo Henrique concordou que o trunfo é ter o controle emocional. "Por mais que às vezes o concurseiro fique ansioso durante os estudos, é fundamental para a absorção do conteúdo manter a calma e prezar pela qualidade das horas dispendidas na preparação".