Concurso INSS: somente este ano, 1.912 servidores se aposentaram
De acordo com dados do governo federal, 1.912 servidores do INSS se aposentaram este ano. Sem concurso, a carência tende a aumentar.
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Publicado em:12/11/2018 às 10:20
Atualizado em:12/11/2018 às 10:20
Até setembro deste ano, 1.912 servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se aposentaram. Sem concurso válido, o órgão não consegue suprir tal carência. A principal consequência é a precarização dos serviços prestados pelo instituto, como a concessão de aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade.
Outro dado alarmante é que desde agosto de 2016, quando o último concurso INSS foi homologado, 4.224 servidores do órgão entraram com pedido de aposentadoria. Desse quantitativo, apenas 950 cargos vagos foram preenchidos por aprovados na seleção.
Isso significa que, em pouco mais de dois anos, houve uma redução de 3.274 profissionais que compõem a força de trabalho do instituto. E a tendência é que esse déficit seja cada vez maior. No ano passado, por exemplo, 2.013 técnicos e analistas se aposentaram.
Na tabela abaixo, confira o número de aposentadorias dos servidores do INSS desde a homologação do último concurso até setembro de 2018. Os dados foram reunidos por meio do Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do governo federal.
Ano
Nº de servidores do INSS aposentados
2016 (a partir de agosto)
299
2017
2.013
2018 (até setembro)
1.912
Sem o quadro de servidores ideal no INSS, há quem espere até seis meses para conseguir resolver problemas de simples resolução, como a concessão de benefícios aos segurados. Em virtude disso, a Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça Federal.
A DPU obriga o instituto a resolver a questão do atendimento, que tem relação direta com o déficit de servidores. Segundo dados do próprio INSS, o déficit atual da autarquia é de 16.500 servidores. Entretanto, outros 18 mil já reúnem as condições necessárias para se aposentar a partir de janeiro do próximo ano.
Presidente do INSS reconhece necessidade de novo concurso
O presidente do INSS, Edison Garcia, reconheceu que o atendimento à população nas agências da Previdência pode se agravar pelas aposentadorias de servidores previstas para janeiro de 2019. A declaração foi concedida em entrevista ao jornal Extra, no dia 5 de novembro.
Como o governo ainda não autorizou concurso para o instituto, Garcia disse que adotou medidas para modernizar o atendimento e reduzir as filas nas agências. Um exemplo é a implementação de sistemas de inteligência para a concessão de benefícios.
INSS solicita abertura de novo concurso para suprir déficit de
servidores (Foto: Agência Brasil)
O INSS também negocia com o governo a possibilidade de reter por um ano, prorrogável por mais um, os servidores que poderão se aposentar no próximo ano.
“Nós lidamos historicamente com pessoas, e a gestão histórica do INSS criou um distanciamento das agências, que concede benefícios. Para mudar isso, estamos buscando, nesta minha gestão, modernizar o INSS e implantar sistemas inteligentes para a concessão de benefício, como as concessões automáticas, visto a necessidade, e pelo iminente agravamento de atendimento por causa das aposentadorias de servidores em janeiro de 2019”, disse Edison Garcia.
O presidente do INSS revelou que ainda não há uma resposta do governo se haverá autorização de concurso para a autarquia. No entanto, mostrou-se esperançoso de que o pleito possa ser atendido em 2019.
“O Planejamento diz que há o ajuste fiscal, não tem previsão de concurso e está restritivo. A área técnica do Ministério do Planejamento diz que olha com bons olhos os órgãos que fazem o dever de casa para compensá-los com uma liberação de concurso. E como o INSS vem fazendo grande esforço de gestão, de mudança de procedimento e buscando eficiência, eles são muito animados com este trabalho e acham que é uma condição importante para um concurso em 2019”.
INSS solicita abertura de concurso com 7.888 vagas
O INSS solicitou ao Ministério do Planejamento abertura de concurso com 7.888 vagas. Dessas oportunidades, 3.984 são para o cargo de técnico (nível médio; R$5.186,79), 1.692 para analista (nível superior em áreas que ainda serão informadas; R$7.659,87) e 2.212 para perito (graduação em Medicina; R$12.638,79).
O orçamento da União para 2019 não consta o concurso para o INSS. Mesmo assim, ele poderá ser autorizado já que na verba consta uma reserva técnica de R$411 milhões para futuros concursos do interesse do próximo presidente.
Frente a grave necessidade por novos servidores, a expectativa é que a equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro, possa autorizar concurso para a autarquia no ano que vem. No vídeo abaixo, o especialista da FOLHA DIRIGIDA, Alexandre Prado, comenta as possibilidades de Bolsonaro autorizar o novo concurso para o instituto. Confira! [VIDEO id="8393"]