Com independência e concurso em pauta, Bacen tem 2.688 cargos vagos
O Banco Central apresenta mais de 2 mil cargos vagos. Sem concurso em validade, o órgão não consegue suprir o déficit.
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Publicado em:06/02/2019 às 11:13
Atualizado em:06/02/2019 às 11:13
Sem concurso em validade, o Banco Central vê seu déficit de pessoal crescer cada vez mais. De acordo com dados de setembro de 2018, o Bacen apresenta 2.668 cargos sem preenchimento, número que deverá aumentar no próximo balanço.
Desse total, 2.169 são analistas, 133 procuradores e 366 técnicos. As duas primeiras carreiras exigem nível superior em diversas áreas. Já os técnicos devem ter pelo menos o nível médio completo.
No fim de janeiro, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou 35 metas para os 100 primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro. Entre os objetivos, consta a “independência do Banco Central”. Caso isso se concretize, a instituição não dependeria mais da autorização do Ministério da Economia para abrir um novo concurso.
Bacen pode se tornar indepente no governo Bolsonaro
(Foto: Divulgação)
No governo Bolsonaro, o Ministério da Economia absorveu as atribuições do Ministério do Planejamento para autorização de concursos federais. Segundo fontes do jornal “Valor Econômico”, o executivo busca propor a independência do Banco Central em março.
O Congresso Nacional terá que votar sobre essa pauta. Na avaliação de especialistas, a renovação de deputados e senadores pode facilitar a aprovação do projeto.
Isso porque os novatos são mais favoráveis a autonomia do Bacen do que os veteranos. O presidente reeleito da Câmara, deputado Rodrigo Maia, também já demonstrou ser a favor do projeto.
Autonomia do Bacen contemplaria três esferas
O Bacen, em resposta à FOLHA DIRIGIDA, esclareceu que a autonomia contemplaria três tipos: operacional, administrativa e orçamentária. A primeira daria à instituição a liberdade de formular e executar, de maneira técnica e imparcial, as medidas necessárias para atingir os objetivos definidos pelo governo, tais como as metas para inflação.
Por sua vez, as autonomias administrativa e orçamentária seriam essenciais para a abertura de concursos públicos. Isso porque o Banco Central teria liberdade para definir sua atuação e mobilizar os recursos para cobrir suas despesas, tanto as típicas de autoridade monetária quanto as de natureza administrativa, podendo ser revisto o modelo de fluxo orçamentário.
Dessa forma, o Bacen não dependeria mais do governo federal para autorização de concursos. A proposta de autonomia do órgão foi originada por um Projeto de Lei, que precisa passar ainda pelo Congresso Nacional e, em seguida, sanção presidencial.
Banco Central solicita novo concurso com 230 vagas
Enquanto o Banco Central não conquista sua autonomia, a instituição tem pedido de concurso tramitando no Ministério da Economia. A solicitação é para o preenchimento de 230 vagas.
O novo pedido de concurso do Bacen foi feito em maio de 2018. A última movimentação ocorreu no dia 12 de junho do ano passado. Do total de oportunidades, 200 seriam para o cargo de analista e 30 para procurador. Em ambos os casos é necessário ter nível superior.
Para o cargo de analista, os interessados devem ter graduação em qualquer área. Já para procurador, o órgão exige diploma de nível superior em Direito, inscrição na OAB e comprovação de, no mínimo, dois anos de prática forense.
As remunerações para a carreira de analista, atualmente, são de R$17.391,64. Já para o cargo de procurador, o Bacen oferece R$19.665,67 por mês. Os valores já incluem o auxílio-alimentação de R$458. [VIDEO id="8532"]